As discussões no tocante a todos esses avanços tecnológicos é salutar tendo em mente que, a imagem do cientista altruísta e dedicado, trabalhando por conta própria a procura de novas descobertas que só trarão benefícios não existe. Cientistas são pessoas comuns, trabalhadores comuns, que fazem parte do extenso grupo do proletariado que trabalha por um salário e é controlado por um patrão. Logo, o objeto de estudo de um cientista não é o maior dos problemas, e sim, a maneira com que aquelas inovações serão aplicadas. É sabido que a maior parte dos empresários não se importa com as consequências de seus produtos desde que eles vendam e que isso pode causar consequências catastróficas. Que tipo de consequência o mau uso da biogenética causaria? Isso não se sabe, no entanto, o potencial é inimaginável.
Por isso é necessário raciocinar sobre a bioética. Muitos dos próprios cientistas que trabalham com os projetos alertam que é necessário que a população se informe sobre o assunto. O homem pratica engenharia genética a muito tempo, desde quando começou a domesticar animais, desde quando começou a plantar apenas as frutas mais saborosas, e os resultados dessas “experiências” são muito semelhantes aos de hoje em dia, no entanto, os objetos de estudo são o que preocupa. Os problemas da bioética são complexos e profundos envolvendo forte participação da opinião pública e dos meios de comunicação em massa.
Os temas mais abordados atualmente são os relacionados ao aborto, a clonagem, eutanásia, aos transgênicos e as células tronco. Além de questões de ética médica como, por exemplo, o fato de que a constituição genética de muitos grupos sociais encontra-se exposta e existe a preocupação de que determinada característica possa vir a ser discriminada ou algo do tipo. Já houve episódios assim na história da humanidade e nenhum deles terminou bem. A discriminação aos povos africanos do renascimento repercute até os dias atuais e a limpeza étnica de Adolf Hitler causou dor a milhares.
Pesquisas recentes da clínica estado-unidense Genetics & IVF Institute, mostraram que, em um futuro próximo, um casal será capaz de escolher o sexo de seu filho através da filtragem do esperma. Que tipo de impacto algo assim causaria na sociedade? É possível que isso cause um desbalanceamento muito grande na população de homens e mulheres. E, além disso, até que ponto isso é ético? A brincadeira, nesse caso, é com a própria espécie humana, e pode sair caro, assim como abrir novos horizontes. Novamente, não se sabe que consequências isso pode causar.
Durante toda a história humana a vida foi vista como algo sagrado e importantíssimo. Talvez esse seja o principal problema na aceitação das novas técnicas de manipulação dos seres vivos. A capacidade de brincar com a vida e moldá-la da forma desejada parece algo grande demais para nós e, sem controle, realmente será. Muitas discussões sobre o assunto ainda virão, pois essa estrada está longe de chegar ao fim. Mas uma coisa é clara e inegável, especialmente para aqueles que não apoiam a engenharia genética, ela veio para ficar e nada mais será o mesmo depois de sua chegada.
Fonte:
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