sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Bioética




            O conceito básico de engenharia genética é, de forma bem simplificada, manipulação de DNA a fim de criar novos seres vivos. Embora essa ideia pareça ter saído de algum conto de ficção científica ela já existe está bem presente na nossa sociedade e faz um bom tempo. Alimentos e até outros tipos de produtos, como a insulina humana, empregada no tratamento de pacientes diabéticos, por exemplo, são transgênicos e nem todos sabem disso. Se, no caso da insulina, existem médicos que prescrevem o medicamento e não sabem disso, imagine o paciente. Hoje em dia os conhecimentos biológicos são tão vastos que praticamente não existem mais barreiras para essa ciência. O homem já causou uma série de mudanças irreversíveis no meio ambiente, na seleção natural, nas cadeias alimentares e em praticamente tudo com que se relaciona. Essa capacidade de transformar o ambiente a seu bel prazer eleva o homem à condição de deus, seu próprio deus, o que, obviamente, provoca inúmeras discussões a respeito dos limites dessa atuação.
            As discussões no tocante a todos esses avanços tecnológicos é salutar tendo em mente que, a imagem do cientista altruísta e dedicado, trabalhando por conta própria a procura de novas descobertas que só trarão benefícios não existe. Cientistas são pessoas comuns, trabalhadores comuns, que fazem parte do extenso grupo do proletariado que trabalha por um salário e é controlado por um patrão. Logo, o objeto de estudo de um cientista não é o maior dos problemas, e sim, a maneira com que aquelas inovações serão aplicadas. É sabido que a maior parte dos empresários não se importa com as consequências de seus produtos desde que eles vendam e que isso pode causar consequências catastróficas. Que tipo de consequência o mau uso da biogenética causaria? Isso não se sabe, no entanto, o potencial é inimaginável.



            Por isso é necessário raciocinar sobre a bioética. Muitos dos próprios cientistas que trabalham com os projetos alertam que é necessário que a população se informe sobre o assunto. O homem pratica engenharia genética a muito tempo, desde quando começou a domesticar animais, desde quando começou a plantar apenas as frutas mais saborosas, e os resultados dessas “experiências” são muito semelhantes aos de hoje em dia, no entanto, os objetos de estudo são o que preocupa. Os problemas da bioética são complexos e profundos envolvendo forte participação da opinião pública e dos meios de comunicação em massa.
            Os temas mais abordados atualmente são os relacionados ao aborto, a clonagem, eutanásia, aos transgênicos e as células tronco. Além de questões de ética médica como, por exemplo, o fato de que a constituição genética de muitos grupos sociais encontra-se exposta e existe a preocupação de que determinada característica possa vir a ser discriminada ou algo do tipo. Já houve episódios assim na história da humanidade e nenhum deles terminou bem. A discriminação aos povos africanos do renascimento repercute até os dias atuais e a limpeza étnica de Adolf Hitler causou dor a milhares.
            Pesquisas recentes da clínica estado-unidense Genetics & IVF Institute, mostraram que, em um futuro próximo, um casal será capaz de escolher o sexo de seu filho através da filtragem do esperma. Que tipo de impacto algo assim causaria na sociedade? É possível que isso cause um desbalanceamento muito grande na população de homens e mulheres. E, além disso, até que ponto isso é ético? A brincadeira, nesse caso, é com a própria espécie humana, e pode sair caro, assim como abrir novos horizontes. Novamente, não se sabe que consequências isso pode causar.
            Durante toda a história humana a vida foi vista como algo sagrado e importantíssimo. Talvez esse seja o principal problema na aceitação das novas técnicas de manipulação dos seres vivos. A capacidade de brincar com a vida e moldá-la da forma desejada parece algo grande demais para nós e, sem controle, realmente será. Muitas discussões sobre o assunto ainda virão, pois essa estrada está longe de chegar ao fim. Mas uma coisa é clara e inegável, especialmente para aqueles que não apoiam a engenharia genética, ela veio para ficar e nada mais será o mesmo depois de sua chegada.


Fonte:
http://setrab.com.br/wp-content/uploads/2011/04/%C3%A9tica.jpg
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrZxtkBD321ixPp0yz4uaiH4yb6mJEIQ80LVhirhSJpRSFQOBcKIJkJHZvK8NjJPSqlfmEfHvK6pHcbexXJ6o8RKDn_nRSfNoeSPmhuuUHeeSRQtNM7WHXbfna3pJ6LdeKqSBh5v0NN-L5/s320/amparo

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